Caiu o Diesel!? Você vai pagar a conta.
Durante a semana passada fiquei surpreso com as justificativas dadas pela maioria da população em apoio a greve dos caminhoneiros. Antes que você me pergunte:
“- Alan, você é contra os direitos do trabalhador?” Meu caro, acredito que o direito a greve é inalienável. Contudo, o problema das margens de lucro era algo que os caminhoneiros deveriam resolver diretamente com seus contratantes e não parando um país inteiro.
É necessário entender que o Estado é bancado pela população e aumentar os custos em algum lugar ou cortar a receita de outro terá impacto direto no bolso de cada cidadão, não existe mágica e nem almoço grátis.
“ O ministro da fazenda, Eduardo Guardia, afirmou nesta segunda-feira que a redução do preço do diesel terá um custo de 9,5 bilhões de reais no Orçamento deste ano, que será coberto por uma sobra de 5,7 bilhões que o governo tem em relação à meta de déficit primário, além de um corte de despesas de 3,8 bilhões de reais. “
Para defendermos ou irmos contra a manifestação é necessário entendermos o processo que levou a esse estado de coisas.
Primeiramente vamos falar do ouro negro, o petróleo, como estopim da greve:
Desde 2016 a cotação do petróleo vem atravessando uma forte alta. Após ter encontrado sua mínima próximo aos 30 dólares o barril, em março de 2016, a cotação do petróleo apresentou uma alta superior a 100% e estava sendo negociado próximo de 70 dólares. Na imagem abaixo podemos ver claramente essa trajetória de alta:
A Petrobrás é uma empresa de capital aberto que possui acionistas e a geração de lucro é basicamente o que se espera dela. Praticar uma política de paridade de preços, ou seja, vender seu produto pelo o que ele vale faz parte de qualquer pensamento lógico.
Durante o governo Dilma essa lógica foi subvertida, havia a prática do represamento dos preços, a oposição argumentava que era uma forma de maquiagem para manter a inflação baixa de forma artificial – já os aliados defendiam que pelo fato de o petróleo ser um insumo base para toda a economia ele deveria ter seu preço controlado como forma de manutenção do bem-estar social.
Independente de minha concordância ou não com qualquer uma das hipóteses, a segunda me parece bastante esdruxula, se desejam que a Petrobras sirva como uma instituição de governo qual foi o motivo de abrirem seu capital? Como empresa aberta o presidente da companhia tem dever para com seus acionistas e quando os acionistas passam a verificar que o lucro não é o principal objetivo da companhia veja o que acontece:
Não podemos esquecer do dólar:
Como já alertado aqui no blog existe um temor imenso por parte dos investidores na ocorrência de altas adicionais nos juros americanos, adicionado as incertezas sobre os efeitos da guerra comercial travada por Donald Trump e para piorar o caldo temos as incertezas sobre as eleições no Brasil.
O gráfico do Dollar Index, que mostra a tendência global do dólar versus uma cesta de moedas de seis moedas (euro, o iene japonês, franco suíço, dólar canadense, coroa sueca e da libra esterlina) mostra uma forte alta. Ou seja, o dólar subiu em relação a estas moedas também, não só contra o real brasileiro.
Como as commodities são precificadas em dólar o custo de aquisição das mesmas aumenta pela mera e simples desvalorização do real frente ao dólar. Agora imagine o petróleo e o dólar subindo ao mesmo tempo!
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Dos tributos
Já verificamos que o preço do combustível no Brasil vem sendo pressionado pelo aumento do preço da matéria prima e da cotação do dólar. Contudo, esquecemos da fome irrefreável do Estado em nos cobrar impostos. Ou seja, o combustível possui duas variáveis: O preço que a Petrobras cobra e os impostos.
A parte majoritária do preço dos combustíveis advém da cobrança de tributos. Na imagem abaixo podemos ver como o preço do combustível é construído. Somente CIDE, PIS/PASEP, COFINS e ICMS representam 45% do preço final praticado para o consumidor.
Do monopólio
Não, eu não estou falando do monopólio em relação a extração do petróleo e sim do refino. O refino continua sendo controlado pelo Estado, o gigantismo da estatal e a ingerência do governo por trás dela são alguns dos fatores que outras empresas levam em consideração antes de tentar disputar o mercado.
Isso acabou engessando a entrada de novos fornecedores de combustível ao longo dos anos. e a privatização, bem feita, do setor seria uma das formas de gerar maior competitividade no setor, ou seja, entrega de melhores preços.
Resumo
Eu ainda poderia falar do efeito oferta x demanda sobre os preços do frete, da concentração do transporte em um único modal, mas me aterei aos fatos já narrados.
Como visto, a culpa da insatisfação dos caminhoneiros não é da Petrobras, e sim de uma combinação de aumento nos preços da cotação do petróleo e do dólar, de um Estado inchado e de desejos populistas da sociedade que elege maus governantes.
Alan Soares.