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Deprimida nos últimos anos por retornos abaixo da inflação ou aquém de outras aplicações livres de risco, a poupança volta a ganhar competitividade por causa da queda de juros. Simulações feitas, a pedido do GLOBO, pela professora de Finanças do Insper Juliana Inhasz mostram que a redução da Taxa Selic está tornando a caderneta mais vantajosa que outros investimentos conservadores em aplicações de curto prazo. Isso continuará mesmo se o chamado “gatilho” for acionado, quando os juros atingirem 8,5% ao ano, o que não acontece desde maio de 2012 e deve voltar a ocorrer na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no início de setembro.

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Quando os juros estão acima de 8,5%, a poupança rende 0,5% ao mês mais Taxa Referencial (TR, que está perto de zero). Depois que o “gatilho” é acionado, ela passa a render TR mais 70% da taxa Selic. Essa regra foi criada em 2012, quando os juros chegaram a 7,25% e a poupança estava sugando recursos de outros investimentos. Essa remuneração vale para depósitos feitos depois da alteração.

Hoje, com juros a 9,25%, a caderneta já consegue ganhar de CDBs e fundos DI em aplicações de até um ano. Perde, porém, para títulos pós-fixados do Tesouro (que seguem de perto os juros básicos) em qualquer prazo, mesmo com a isenção de imposto. Mas esse quadro muda quando a Selic cair a 8,5%.

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Com esse patamar de juros, valerá mais a pena aplicação de seis meses na caderneta do que no Tesouro Selic (título atrelado aos juros básicos): a poupança renderá 3,33%, contra 3,24% do Tesouro. A poupança é favorecida a curto prazo porque as aplicações tributadas pagam alíquotas maiores de imposto quando o resgate é feito em pouco tempo. Para prazos mais longos, porém, o Tesouro é mais interessante. Mas, se a Selic cair a 8% ao ano ou menos, a poupança passa a ser a mais vantajosa entre aplicações conservadoras para prazos de até um ano. Segundo o Boletim Focus, do BC, a expectativa é que os juros terminem o ano a 7,5%.

— Durante muito tempo, a poupança não foi viável, porque a inflação e os juros estavam muito elevados. Agora, com a mudança desses indicadores, ela voltou a ser um investimento factível. Não é o melhor, mas consegue superar outras aplicações de baixíssimo risco dependendo do prazo e das taxas — explicou a professora do Insper, lembrando que esse é um dos motivos de a caderneta ter tido em junho captação líquida de R$ 6,1 bilhões, melhor resultado em quatro anos. — Para opções tão conservadoras à poupança, realmente a diferença entre as rentabilidades está ficando bem pequena.

FUNDOS COM TAXA DE MAIS DE 1% PERDEM

Flávio Lemos, sócio da Trader Brasil Escola de Finanças e Negócios  , observa que a poupança ganha atratividade diante das taxas cobradas por alguns bancos em fundos conservadores como os DI:

— Se você estiver em um fundo com taxas muito altas, é bem provável que ele perca para a caderneta. Tem fundos em grandes bancos por aí cobrando mais de 3% ao ano de taxa.

Segundo o levantamento da professora do Insper, com os juros no patamar que estão hoje, a poupança bate os fundos DI com taxa de administração de 1% ao ano ou mais em qualquer período de aplicação. Numa aplicação de 24 meses, por exemplo, a caderneta rende 10,57%, enquanto os fundos com taxa de 1% entregam 10,24% líquidos. Quando a taxa de administração é de 1,5% ao ano, a rentabilidade cai a 9,6%. Nos casos em que são cobrados 2% ao ano, a remuneração líquida é de 8,96%.

— Conforme os juros caem, as diferenças começam a ficar menores. Provavelmente, para ganhar mais, o poupador terá que avaliar alternativas como fundos de crédito privado e debêntures. Sempre lembrando, porém, de preservar a diversificação da carteira — acrescentou Lemos.

O estudante de engenharia de computação Armando Júlio Soares, de 19 anos, migrou da poupança para o Tesouro Direto há três anos e, mesmo com a queda de juros, não cogita voltar para a caderneta. Os recursos que recebeu do pai na adolescência para investir no futuro estão aplicados em títulos públicos pós-fixados, os Tesouro Selic, que acompanham de perto o comportamento da taxa básica de juros. Por enquanto, a queda da rentabilidade não o incomoda:

— Saí dela porque estava perdendo para a inflação então, para mim, ela significa perder dinheiro. O que estou avaliando agora é me arriscar mais em outros investimentos para o dinheiro render mais.

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O risco que Soares pretende tomar é em papéis na Bolsa. Segundo a professora do Insper, a renda variável é a opção para quem quer retornos mais agressivos, embora demande apetite para risco:

— Nos últimos meses, a renda variável tem apresentado rentabilidade mais atraente. Mas é difícil saber se o movimento vai perdurar, porque o cenário político e econômico ainda é turbulento. O ideal é deixar em renda variável apenas recurso com o qual você não conta.

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