“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.” Fernando Pessoa
Prezado Leitor,
Onde investir em julho de 2023: O vento joga a favor dos ativos de risco
O primeiro semestre chega ao fim nesta sexta-feira (30) bem diferente de como começou. A mudança de perspectiva para os juros no Brasil fez a bolsa e os ativos de renda fixa mais arrojados passarem de patinhos feios a belos cisnes no ranking dos melhores investimentos.
Muita gente tal qual São Tomé não acreditou quando dissemos em junho que o mercado de renda variável virou.
E por falar nisso voce conhece a história de São Tomé?
Tomé, também chamado Dídimo, era pescador e conterrâneo de Jesus, pois era da Galileia.
Entrou no grupo dos doze apóstolos e aprendeu com Jesus as lições do Reino de Deus.
Tinha personalidade forte, tanto que, depois da Ressurreição de Jesus, quando os outros apóstolos contaram a ele que haviam visto Jesus, ele não acreditou ,precisou ver, para acreditar.
Disse, em alto e bom som, que somente tocando as feridas de Jesus acreditaria naquela história de Ressurreição.
E assim aconteceu: Jesus, uma semana depois, aproxima-se de Tomé, e pede que ele toque as feridas dos cravos em suas mãos.
Esta situação faz de São Tomé o Santo mais próximo de nossas características humanas, pois ele era cheio de dúvidas e como nós, quando passamos por dificuldades ou aflições, acabamos permitindo que a situação faça com que duvidemos em alguns momentos de nossa fé.
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Para gestores de recursos, que precisavam ver para crer, a perspectiva de início do ciclo de cortes de juros, o arrefecimento da inflação, a revisão para cima de crescimento do PIB e a visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está perto de encerrar as altas de taxas ajuda a consolidar uma visão mais positiva sobre os ativos de maior risco no segundo semestre.
O vento joga a favor agora, porque se inicia um corte de juros.
Os ativos brasileiros terminaram o 1º semestre com um sólido desempenho devido a:
(i) melhora das perspectivas econômicas;
(ii) diminuição de riscos políticos e fiscais; e
(iii) melhora nos dados de inflação e expectativas de corte de juros em breve.
O Ibovespa encerrou o semestre com forte alta de 7,6% em reais e 18,7% em dólares.
O real também superou outras moedas, com o Real caindo abaixo do nível de R$5,00 em relação ao Dólar.
Achamos que o cenário de corte de juros não foi completamente precificado na Bolsa:
(i) o rali até agora aconteceu apesar da queda de -26% na VALE3 (maior peso do índice Bovespa);
(ii) O Ibovespa tende a ter performances sólidas durante ciclos de corte de juros;
(iii) ainda há potencial para vermos mais fluxos de capital estrangeiro;
(iv) os fluxos de institucionais também ainda não retornaram;
(v) o sentimento de investidores PF se tornou positivo apenas recentemente;
(vi) os níveis de posições vendidas ainda seguem próximos do máximo histórico; e
(vii) o valuation segue descontado
Momentos de alta volatilidade também trazem oportunidades.
Economia não é só bolsa de valores; é algo real, afeta a vida das pessoas.
Bolsa não é PIB, mas o PIB derruba a bolsa. E a bolsa notícia veio enfim : o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no 1º trimestre deste ano de 2023, na comparação com os três meses imediatamente anteriores,
O fato é que a bolsa depende de expectativas.
Confirmado: A vez das small caps
Conforme , carta de junho o desempenho sólido das Small Caps, assim como do Ibovespa, é explicado pelas expectativas de taxas mais baixas no futuro. Especificamente, as taxas reais de longo prazo caíram de um pico de 6,5% em março para os atuais 5,12% (ainda acima da média de 5 anos, que é de 4,6%).
O Prêmio de Risco, que compara rendimento de renda variável com as taxas de juros reais, mostra que as ações brasileiras estão baratas mesmo considerando o alto nível das taxas de juros locais.
O valuation barato deverá continuar sustentando o Ibovespa
Continuamos vendo as ações brasileiras como muito descontadas. O Ibovespa é negociado a um Preço/Lucro (P/L) projetado de 8,2x, um desconto de mais de 30% em relação à média histórica de 11,0x.
Além disso, o Brasil também é barato quando comparado às ações globais: o MSCI ACWI é negociado a um P/L projetado muito mais alto, de 15,6x, e o Brasil está próximo dos maiores descontos históricos.
Na nossa opinião, o Brasil continua com um desempenho superior relativo aos mercados globais em grande parte por conta dos níveis de valuation ainda bastante atrativos.
Cenário preparado para a queda de juros
O cenário para o início do ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic, veio sendo preparado ao longo de todo o semestre, beneficiando os ativos de risco, como ações, fundos imobiliários (FIIs) e títulos de renda fixa prefixados e atrelados à inflação.
O ano começou mal, mas a sucessão de dados de inflação e crescimento econômico melhores que o esperado começou a animar os investidores. A aprovação do arcabouço fiscal e o encaminhamento da reforma tributária no Congresso também foram cruciais para a melhora do risco-país.
Assim, vimos os juros futuros – a projeção para as taxas de juros – recuarem tanto no curto como no longo prazo, um movimento que contribuiu para a valorização da renda fixa prefixada e atrelada à inflação e também das ações e dos FIIs.
Veja aqui os investimentos em junho como ficaram:
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