“Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai…”
Prezado Cliente,
Aqui é o Flávio Lemos, sócio da Trader Brasil Investimentos, responsável pela sua conta de investimentos na XP.
Passamos pelo mês da “nuvem negra”, o mais carregado do ano, o de Agosto. Como muitos dizem “o mês do desgosto”, “o mês do cachorro louco”, “o mês da nuvem negra”, mas passageira como o trecho da música acima de Hermes de Aquino. Ouça a música aqui https://www.youtube.com/watch?v=7mx-FfjVOzs
Como a crença sobre agosto começou?
Agosto é a época do cio das cadelas, por ser período de mudança de estação, e quando a fêmea está nesse estado vários cachorros se aproximam dela para cruzar, daí os machos costumam brigar entre si para disputarem a fêmea. Essa luta feroz entre os machos em busca da fêmea faz com que a raiva, doença transmitida pela saliva, se espalhe mais. Os animais que estão infectados pela raiva babam muito e ficam com aparência de “loucos”, daí a expressão “cachorro Louco”.
Mas por quê? Qual a verdadeira origem destas simpatias e superstições sobre o mês de agosto?
Diz a história que foram os romanos que deram ao oitavo mês do ano o nome de agosto em homenagem ao imperador César Augusto. Como o imperador na época estava conseguindo grandes vitórias, como a conquista do Egito e a sua promoção a cônsul, não queria ficar atrás do imperador Júlio César – cujo mês de Julho é em sua homenagem – e acabou decidindo que o seu mês também teria 31 dias.
Mas foi entre os romanos que o mês de agosto começou a ser considerado azarento, embora não se saiba exatamente o motivo. Acreditavam que existia um dragão imenso e terrível, que andava pelo céu cuspindo fogo durante o mês de agosto. Mas depois descobriram que o tal dragão era a constelação de Leão, visível nos céus do hemisfério norte naquele período do ano.
Em Portugal o medo do mês de agosto surgiu no período das grandes navegações, que duravam muitos meses e até anos. Por lá, agosto era o mês em que as caravelas iam ao mar. Solitárias, as esposas dos marujos amaldiçoavam este período do ano. As mulheres portuguesas não casavam nunca no oitavo mês, porque era nessa época que os navios das expedições saíam à procura de novas terras. Daí, casar em agosto significava ficar sozinha e às vezes sem lua-de-mel. Algumas até ficavam viúvas.
***
“Quando Setembro chegar, saudade já não mata a gente”…
Esta canção de Elba Ramalho, abriu minha carta do ano passado e continua bem atual.
Momento brasileiro no mercado financeiro
Desafiando os céticos, o Brasil está se aproveitando de um raro ponto ideal, beneficiando-se de taxas de juros favoráveis sem precedentes, recuando a inflação e a guerra comercial entre os EUA e a China. Enquanto grande parte do mundo está se concentrando em milhares de incêndios na Amazônia e na resposta do presidente Jair Bolsonaro a eles, a maior economia da América Latina e seus acionistas historicamente desnutridos estão em um ponto de virada.
Por que aumentou o apetite por ações?
O crescente apetite por ações é impulsionado pelo menor custo em dinheiro nos tempos modernos. A renda fixa está muito baixa.
Os investidores estão famintos por algo mais frutífero do que os retornos reduzidos da dívida, pois os rendimentos dos títulos globais tendem a ser mais baixos – ou cada vez mais negativos – e quando o governo está ganhando apoio para reformas previdenciárias anteriormente impopulares, o que aumentaria a idade da aposentadoria para muitos brasileiros e reduziria as obrigações. As reformas devem trazer economias de mais de 900 bilhões de reais ao longo de uma década.
Agosto foi um mês desafiador para o Ibovespa
As incertezas no cenário externo, com destaque para as preocupações com o crescimento global, pesaram nos mercados ao redor do mundo, e o Brasil não saiu ileso. O índice acumulou queda de -0,7%, com forte alta do dólar também em destaque, que fechou em R$4,14/USD;
O mercado financeiro tende a continuar reagindo aos sobressaltos do cenário internacional em setembro, mas nem por isso os analistas parecem ter deixado o otimismo de lado. A reforma previdenciária caminha a contento no Senado e a tributária dá seus passos reforçando a expectativa dos agentes econômicos de que, se aprovada, tende a dar o impulso que falta ao reaquecimento mais vigoroso da economia.
Um ponto em favor da bolsa de valores é o barateamento das ações, após o fraco desempenho do mercado em agosto, o que poderia atrair investidores à compra, especialmente daqueles que, apesar dos percalços, não desistiram de diversificar suas carteiras.
Todos os caminhos parecem levar o investidor que está frustrado com os juros baixos na renda fixa ao mercado de ações, que ganhou um alento adicional.
São os sinais de que a economia voltou a crescer e, mais que isso, o surpreendente desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre (abril-junho) tirou o temor de recessão do caminho da economia.
O resultado do PIB brasileiro do 2º trimestre foi surpreendente.
Crescemos 0,4% e o consenso de mercado esperava 0,2%. Os destaques foram: (i) pela lado da demanda, o investimento (3,2%); (ii) pelo lado da oferta, a indústria (0,7%), em especial a indústria de construção (1,9%).

Não se espera a volta do capital estrangeiro tão cedo ao mercado doméstico de ações, mas a torcida é pela continuidade de compra de investidores domésticos que continuam migrando da renda fixa e a permanência dos que, apesar dos sustos, vieram em busca de ganhos maiores na bolsa.
A agenda doméstica permanece robusta e avança, o que vemos como transformacional. Neste contexto, apesar da incerteza externa, esperamos aceleração da atividade econômica e dos lucros das empresas, com juros na mínima histórica e rumando para níveis ainda inferiores. Continuamos a ver a Bolsa como o melhor ativo a se investir no Brasil;
Após a recente queda, o Ibovespa negocia a 11,4x preço / lucro, abaixo da média histórica de 12,3x,
O cenário externo de incertezas
O cenário externo de incertezas também tende a permanecer como fonte de pressão sobre o dólar. Especialmente a crise econômica argentina, que poderia levar o país do estágio de um calote seletivo, no momento, a nova moratória da dívida externa. Pela proximidade dos países e pela estreita relação comercial que mantém com a Argentina, o aumento de incertezas traz repercussões negativas por aqui sobre o mercado financeiro, sobretudo o de dólar.
Não significa dizer que, nesse eventual cenário, o dólar teria caminho livre para subir. O Banco Central (BC) deixou claro, na última semana de agosto, que está vigilante e pode usar os instrumentos que tem à mão para agir e corrigir o que considera distorções do mercado.
A Argentina anunciou a implementação de controles de capital no domingo, depois de um endurecimento para os bancos locais distribuírem dividendos e rebaixamento de crédito das três agências. As medidas não devem ser recebidas como uma surpresa, mas a velocidade na qual a deterioração do quadro institucional e econômico da Argentina ocorre foi subestimada. O Fundo monetário conversou com autoridades no domingo e ainda está revisando mais detalhes. No entanto, o desembolso de 15 de setembro parece ainda menos provável nesse cenário e uma renegociação quase certa. Do ponto de vista macro, a Argentina está em retrocesso com a alta possibilidade de ter um governo intervencionista e populista.
E o dólar?
A persistente escalada do dólar nas últimas semanas têm colocado em xeque as projeções traçadas para o câmbio no fim de 2019. Boa parte dos analistas já começa a revisitar suas planilhas para calcular novas estimativas, mais altas, para a cotação.
O cenário que parece ganhar força agora é o de dólar no final do ano mais próximo de R$ 4 do que de R$ 3,70, como era apontado antes da turbulência que fez a cotação subir 8,89% em agosto.

Guerra comercial, juros negativos, recessão… A próxima crise vem ai?
O cenário externo piorou muito, mesmo assim, a recente incerteza não foi capaz de contaminar as expectativas nos emergentes, os níveis de risco sofreram pequena alteração negativa.
Hoje, vale mais a pena você guardar dinheiro sob o colchão do que deixar o dinheiro no banco suíço. A Suíça cobra juros ao invés de remunerar as contas ! Não vejo iminente mudança nessa dinâmica, que deve ser cada vez mais comum entre os grandes bancos europeus. E não é só na Suiça não: Dinamarca, Suécia, Japão , mais de uma dezena cobra juros ao invés de pagar!
Como lembrou a gestora de recursos Dynamo com seu brilhantismo de sempre na última carta aos cotistas:
“No ambiente de juros negativo, a poupança passa a ser penalizada. Abrir mão do consumo presente torna-se mau negócio. O incentivo é agir como se não houvesse amanhã.
Imaginemos Klaus, cidadão alemão com 50 anos – faixa que por sinal concentra o maior estrato da população do país na pirâmide etária. Klaus trabalha desde os 25 e faz planos para trabalhar mais 15.
A partir de então, segundo a expectativa de vida corrente no país, terá mais 17 anos para curtir as netas e netos.
Conhecedor das teorias do ciclo de vida, Klaus vinha calibrando seus gastos contando com uma remuneração média histórica de juros de cerca de 1,75% sobre seu estoque de poupança.
Os tempos mudaram e daqui em diante o Bundesbank cobrará 0,25% para que o banco onde Klaus é correntista tenha o privilégio de custodiar sua poupança nos cofres seguros da autoridade alemã.
Qual o efeito? Matemática simples, dependendo de premissas razoáveis, no final do dia, Klaus deverá contar com uma redução entre 20-25% dos seus gastos anuais durante os 17 anos de aposentadoria.
Se ele não se conformar e decidir manter o mesmo patamar de dispêndio na nova realidade de juros negativos, só terá recursos para 13 anos.
Nos quatro anos finais de sua vida, Klaus deverá contar com favores da família, da sociedade ou quem sabe do governo.
Neste contexto, ao compreender os efeitos da nova realidade dos juros negativos sobre a trajetória temporal de sua existência, quem em sã consciência assumiria que Klaus vá correr para a loja da Hugo Boss ou para uma concessionária da BMW?
A mensagem emitida pelo Bundesbank é clara: “Klaus, o mundo ficou mais incerto para você. Ainda assim, estamos torcendo para você ir às compras, movimentar a economia e tirar a responsabilidade de uma recessão severa das nossas costas”.
Não há dúvidas de que estamos diante de um cenário onde investidores estão sendo compelidos a tomar mais risco.
Com taxas ridiculamente baixas nos títulos livre de risco, os investidores vão ter que procurar renda em outras classes de ativos mais arriscados. Ações são candidatos naturais. Além do que, taxas de juros menores comprimem as taxas de desconto, abaixando o sarrafo do retorno mínimo dos projetos de investimentos e ainda reduzem o custo de dívida das empresas. Ou seja, movimentam fundamentos que ajudam a justificar preços mais elevados
Palavra do mês: assimetria
substantivo feminino
- ausência de simetria. grande diferença; disparidade, discrepância.
Lembre-se de que nós não sabemos o que vai acontecer. Ninguém sabe. Aliás, só os charlatões sabem.
Em ambientes assim, resta-nos o apego ao que tem valor e boas assimetrias, OU SEJA, estratégias que temos mais a ganhar do que perder.
Datas importantes no mês:
12/09 BCE
18/09 FED e COPOM
19/09 BREXIT DEADLINE

***
Você quer minha ajuda para escolher entre tantos investimentos?
SIM, FLÁVIO GOSTARIA DE SUA AJUDA PARA ESCOLHER MEUS INVESTIMENTOS.
E para você que não tem tempo de acompanhar o mercado, temos a solução que você deseja: oTrade Push.
O Trade Push é uma ferramenta que permite repassar recomendações da Equipe de Análise aos clientes que quiserem.
Você precisa fazer log in para comentar.