“Isso são outros quinhentos.” – Provérbio português
O Brasil ganhou
Prezado leitor,
O primeiro turno das Eleições no Brasil aconteceu ontem, com Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro disputando a presidência em segundo turno.
Para o mercado, quem sai ganhando com uma eleição disputada, especialmente no cargo para presidente, é o país e a sociedade.
E já no primeiro dia depois das eleições, a bolsa subiu mais de 5%!
Vale refletir que uma corrida eleitoral mais apertada reduz o risco de políticas mais ao extremo e aumenta a probabilidade de ambos os candidatos caminharem ao centro. Nosso país é um presidencialismo de coalização. Negociações políticas sempre serão necessárias, quer você queira, ou não.
O Brasil sai vitorioso se os candidatos caminharem ao centro e agregarem maior apoio político neste espectro da sociedade.
Um bom governo de centro tem potencial de resgatar aquela política previsível, sem surpresas, que é como deveria ser.
E agora são outros quinhentos…
História da frase : “outros quinhentos”
Você conhece a história desta frase? Tudo indica que ela tenha nascido a partir de uma lei instituída na península Ibérica, por volta do século XIII, que estipulava uma multa de 500 soldos a quem ofendesse um nobre. “Em casos de reincidência, o agressor deveria pagar outros 500. Quem não pertencesse a essa hierarquia alcançava apenas 300”, mas, geralmente, acabava sem receber nenhum tostão.
Essa discriminação social é curiosa, mas não vem ao caso.
O surgimento da expressão popular prende-se ao fato de que, condenado uma vez a desembolsar quinhentinhos, o agressor poderia incorrer na mesma pena de novo, caso voltasse a insultar a vítima.
**
E agora são vamos aos outros quinhentos…
Em setembro, vimos a volatilidade seguir elevada nos mercados internacionais, como de costume para os meses de setembro historicamente. Já as ações brasileiras continuaram a superar os mercados globais em setembro. Em reais, o Ibovespa subiu ligeiramente +0,5% e, em dólares, caiu -3,6%. No acumulado do ano, o Brasil continua sendo o principal mercado com melhor desempenho, com retorno de +5% em reais e +8% em dólares. Em comparação, o S&P 500 caiu -9% no mês passado e -25% no acumulado do ano.
A bolsa brasileira continua sendo destaque, mesmo em momentos de adversidade no ambiente global.
Valuation continua atrativo e o final do ciclo da Selic dá oportunidades em setores ligados a economia doméstica.
Enquanto o mercado global mostra mais uma queda expressiva ao longo de setembro, o Ibovespa conseguiu mostrar resiliência, tanto em Reais (BRL), e mesmo quando comparamos em dólar (EWZ), a queda foi mais branda do que os pares das economias desenvolvidas. Mesmo na antessala do final da eleição, o fato do ciclo de alta de juros ter se encerrado, abriu espaço para ativos mais sensíveis ao tema voltarem a performaram. Dentre os destaques, o setor Imobiliário voltou a entregar resultados (IMOB +12,4% no mês), bem como o financeiro (IFNC +3,09%).
Histórias de crescimento secular são empresas que devem permanecer resilientes em meio a uma deterioração das perspectivas Macro. Alguns dos principais nomes que mostram boas perspectivas de crescimento e que gostamos são do setor de atacarejo e varejo de alta renda.
Ibovespa continua atrativo em termos históricos. Seguimos uma bolsa brasileira extremamente atrativa do ponto de vista de valuation, com o Preço/Lucro (P/L) do Bovespa em 7,6x, sendo 9,5x na abertura ex-Petro e Vale, ambos significativamente abaixo da média estrutural do nosso mercado.
Em relação a Renda Fixa, as ações brasileiras também continuam mais atrativas. O Prêmio de Risco, que compara rendimento de renda variável com as taxas de juros reais, mostra que as ações brasileiras estão baratas mesmo considerando o alto nível das taxas de juros locais. O nível atual de Prêmio de Risco está em 9,4%, superior à média histórica.
Riscos globais
Se os riscos de recessão global continuarem subir, os preços de commodities podem cair e afetar negativamente o Ibovespa. Recentemente, as estimativas de lucros das empresas já começaram a ser ligeiramente revisadas para baixo em meio aos temores de recessão. Portanto, um dos principais riscos que vemos é se os mercados começarem a precificar uma chance maior de uma recessão global, o que poderia levar a uma redução mais acentuada nas projeções de lucros.
Cambio: Cenário de maior estabilidade do Real, mas sem grandes apreciações
Enquanto os Bancos Centrais ao redor do mundo seguem na sua batalha de controle de inflação via o aumento expressivo de taxas de juros, esse movimento no Brasil já chega mais próximo do fim.
Selic: fim de ciclo e mercado com ainda sem apetite para incorporar a estratégia de manutenção por longo período. Conforme esperávamos, a reunião de setembro marcou o fim do ciclo de ajuste na taxa Selic em 13,75%. A estratégia do BC é similar aquela que estimamos para o Fed após sua taxa
terminal: seguir com juros parados por período suficientemente prolongado, a fim de assegurar a convergência da inflação à meta.
A curva PRÉ x DI ainda precifica uma Selic com um prêmio de cerca de 10,6% em 2024 e 11,7% em 2025, revelando dois pontos: i) um nível de incerteza maior do que o usual quanto à trajetória de cortes de juros que começará no próximo ano; ii) por conta do primeiro ponto, o nível de prêmio naturalmente segue elevado.
Veja aqui os melhores investimentos de Setembro de 2022:


Você precisa fazer log in para comentar.