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Aplicação fica mais atraente com queda de juros, mas analistas ressaltam que há opções melhores

RIO – Ao longo do tempo, a poupança perdeu atratividade, sendo deixada de lado pelos investidores devido a seu baixo retorno, apesar de ter um risco reduzido. Aplicações de renda fixa, cuja rentabilidade é atrelada à taxa básica de juros (Selic), foram os ativos da vez nos últimos anos, em que os juros permaneceram acima dos dois dígitos, chegando a superar 14% ao ano. Com o início do ciclo de corte da Selic, iniciado pelo Banco Central (BC) em outubro do ano passado, economistas ressaltam que a poupança pode até retomar parte de seu apelo, ainda que haja outras opções com remuneração melhor. O ideal nesse novo cenário que começa a se desenhar, dizem especialistas, é diversificar a carteira de aplicações.

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Desde julho de 2015, quando a Selic atingiu 14,25%, a taxa já sofreu quatro cortes, o que foi possível devido ao recuo da inflação medida pelo IPCA, usado na meta oficial do governo. A última redução foi na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, quando a taxa foi para 11,25%. Segundo o boletim Focus, elaborado pelo BC junto a economistas de instituições financeiras, a expectativa é que a Selic feche 2017 em 8,5% ao ano.

Redução da selic deve elevar atratividade da caderneta
Considerando-se uma aplicação de R$ 10 mil, por 12 meses
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Com os juros elevados, a saída de recursos da poupança foi grande. Em 2016, a captação líquida ficou negativa: ou seja, os saques superaram os depósitos em R$ 40,701 bilhões. No primeiro trimestre deste ano, porém, a caderneta apresentou uma leve melhora, com um rombo de R$ 17,4 bilhões, 27% menor que no mesmo período de 2016. Foi o melhor resultado para o período desde 2014.

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Flávio Lemos, diretor da Trader Brasil Escola de Finanças e Negócios, lembra que, no entanto, a poupança é, de longe, o pior investimento disponível. Se a Taxa Selic ficasse estável por 12 meses em 11,25%, um investimento de R$ 10 mil renderia R$ 804 líquidos em um fundo DI com taxa de administração de 1% ao ano; na poupança, mesmo com isenção de Imposto de Renda (IR), o ganho seria de R$ 654,87 em 12 meses.

FUNDOS DI PODEM PERDER

A poupança também perde para outras aplicações de renda fixa, como os títulos do Tesouro pós-fixados (Tesouro Selic), o CDB e as letras de crédito isentas de imposto (LCA e LCI). Para esses investimentos, Lemos considerou as taxas que costumam ser praticadas pelos cinco maiores bancos; no caso do Tesouro, levou em conta o investimento por meio de uma corretora que não cobra taxa.

No entanto, as simulações mostram que, com uma provável redução dos juros até o fim do ano, o quadro muda. Pelos cálculos de Lemos, uma Selic a 10% ao ano já permite à poupança bater o fundo DI (que cobra taxa e sobre o qual incide IR) e o CDB (que também tem incidência de IR). Ao cair a 8,5% — projeção do Focus —, a poupança baterá inclusive os títulos públicos pós-fixados, diretamente prejudicados pela queda da Selic e sobre os quais incide o IR. A poupança só perderia, nesse cenário, para as letras de crédito, que também são isentas de imposto.

— Quando a Selic cair a 8,5%, os fundos DI com taxa de administração de 1% para cima vão perder para a poupança. Isso é importante, pois essas duas aplicações são referência para quem quer alta liquidez e zero risco. A poupança é isenta de imposto, esse é um diferencial — explica o especialista. — Mas, claro, não é preciso ter pressa. É melhor esperar os juros chegarem até lá.

Mas, para alguns especialistas, ainda é cedo para falar em retomada da atratividade da poupança. Isso porque, no mercado, há outros investimentos com as mesmas características conservadoras da caderneta — baixo risco e alta liquidez — e remuneração melhor, bem como isenção de IR.

— É claro que, com uma taxa menor, a poupança fica mais interessante em relação a outras aplicações, por conta da rentabilidade menor destas. Mas isso não quer dizer que outros investimentos baseados no CDI sejam menos interessantes que a poupança. Continuam sendo mais interessantes, com rentabilidade melhor que a poupança, mesmo com essa queda (na Selic) — diz Paulo Figueiredo, diretor de operações da FN Capital. — Como base de comparação, um título que paga 100% do DI ou até o Tesouro Direto, que paga a Selic, terá 11,25% ao ano, enquanto a poupança rende 6% ao ano mais TR.

Em 2012, as regras de remuneração da poupança foram alteradas. Com a Selic superior a 8,5%, o rendimento é de 0,5% ao mês mais a TR. Abaixo ou igual a esse nível, a caderneta rende 70% da Selic mais a TR. Segundo Figueiredo, só neste segundo cenário, possível no ano que vem, a poupança entraria no jogo, oferecendo rentabilidade equivalente aos fundos de renda fixa. Ainda assim, ressalta, há outras alternativas tão rentáveis quanto a caderneta.

DIVERSIFICAR É ESSENCIAL

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Diante desse cenário, o ideal é ampliar as opções de investimentos, com uma carteira de ativos mais variada. Para isso, dizem especialistas, é necessário que o investidor se informe sobre as ofertas disponíveis no mercado para, conforme sua disponibilidade de capital, montar sua carteira.

— Temos visto um crescimento bastante grande dessa demanda por diversificação. Esses dois pontos, juros mais baixos e cenário de crise, exigem que o investidor pense melhor para render mais — afirma Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos.

O engenheiro Fabio Azevedo já segue essa tendência. Tem recursos na poupança, que considera um “pulmão de investimento”, por permitir resgate rápido quando necessário.

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— Meu objetivo com a poupança não é aumentar o patrimônio, porque sei que o retorno é menor do que a inflação, por exemplo — conta Azevedo. — Tenho Tesouro Direto, LCI, CDB, fundo de investimento, aplicação em previdência privada. A maior parte é renda fixa, para diversificar meus investimentos e por ter retorno razoável e risco relativamente baixo.

Bruno Carvalho, chefe de renda fixa da Guide, afirma que mesmo o investidor pequeno pode diversificar a aplicação de seus recursos. Ele ressalta que a falta de informação normalmente é maior que a disponibilidade de capital e que os interessados em investir muitas vezes não o fazem por desconhecer os valores mínimos necessários para aplicar. Ele cita o Tesouro Direto, cujo valor mínimo de aplicação é de R$ 30, como uma possibilidade fácil de investimento de baixo risco e boa rentabilidade.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/selic-menor-poupanca-mais-rentavel-sera-mesmo-21245558#ixzz4fBF9oYX7
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