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Renda fixa é melhor que poupança, apesar de IR alto a curto prazo

AnaPaula aluna trader brasil
AnaPaula aluna trader brasil

A aluna do curso de Imersão da Trader Brasil a engenheira Anapaula Figueiredo, de 45 anos, deixou a poupança na semana passada após quase três décadas. Quando saiu de um emprego, em maio, ela colocou todo seu FGTS na caderneta. A economia de uma vida atingiu R$ 400 mil. Lendo notícias sobre os resgates recordes na poupança, Anapaula constatou que estava perdendo dinheiro.


— Sempre fui muito conservadora e parti do princípio de que a poupança era o investimento mais seguro. Mas resolvi procurar uma rentabilidade justa. Fui orientada por especialistas da Trader Brasil a comprar títulos do Tesouro Direto e Letras de Crédito Imobiliário ( LCI) — disse a poupadora, que deixou apenas 1% do seu patrimônio na caderneta.

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Para Flávio Lemos, coordenador da Trader Brasil Escola de Investidores, os títulos do Tesouro são a melhor opção para quem sai da poupança.

— O Tesouro Direto tem a menor taxa de administração, que é zero em alguns casos, e oferece os mesmos títulos que estão nos fundos de renda fixa, só que ele é transparente — disse Lemos, que recomenda títulos pós- fixados com prazo de até dois anos ou indexados à inflação com prazos maiores.

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“Ela perde porque estamos vivendo taxas de juros que não há em nenhum lugar do mundo. É preciso surfar essa onda” Alexandre Espírito Santo Professor do Ibmec- RJ

A isenção de Imposto de Renda ( IR) deixou de ser capaz de manter o resquício de atratividade da poupança. A remuneração da caderneta já é menor que a de outros investimentos de renda fixa, mesmo para quem precisa fazer saques regulares da aplicação, segundo cálculos do professor Alexandre Espírito Santo, do Ibmec-RJ, feitos a pedido do GLOBO. De acordo com o levantamento, os juros estão tão altos que compensa pagar as pesadas alíquotas, de até 22,5%, para resgates de curto prazo em aplicações como fundos e CDBs, por exemplo.

Os cálculos compararam o desempenho, ao longo de 12 meses, de uma aplicação de R$ 15 mil, sendo que o investidor hipotético precisa sacar R$ 500 mensalmente para quitar um financiamento de automóvel. Na caderneta, o valor disponível ao fim do ano seria de R$ 10.089, considerando o rendimento e os saques. O total de juros será de R$ 1.090. O exemplo considerou uma rentabilidade mensal constante de 0,71% ao mês, que foi a média de agosto até o dia 10, e saques realizados após a capitalização dos juros.

Se fosse colocado em um fundo de renda fixa com taxa de administração de 1% ao ano, o saldo final seria de R$ 10.230, sendo R$ 1.358 de juros líquidos ( após IR). Se a taxa cobrada do fundo fosse maior, de 1,5% ao ano, o saldo cairia para R$ 10.164; no caso de uma taxa ainda mais alta, de 2%, no fim estariam disponíveis R$ 10.106. Ou seja, todos as três simulações superam a poupança, sendo que a mais vantajosa delas fica acima em R$ 141.

FAMÍLIAS TROCAM DE APLICAÇÃO

A comparação considerou uma taxa básica de juros, a Selic, inalterada no período nos atuais 14,25% ao ano. A Selic é a base das taxas do Certificados de Depósito Interbancário ( CDI), que remuneram os investimentos de renda fixa. O cálculo também observou a incidência de duas alíquotas diferentes de IR, de 22,5% para aplicações de até 180 dias, e de 20% para o dinheiro que ficou aplicado além desse prazo.

O popular CDB, título muito oferecido pelos bancos aos seus clientes, pode ser ainda mais vantajoso, por não ter taxa de administração. No caso de título com remuneração equivalente a 95% do CDI, o saldo final seria de R$ 10.268.

A diferença dos saldos finais pode parecer pequena, mas será proporcional ao tamanho da aplicação. Ou seja, quanto maior for a poupança do aplicador, mais ele ganhará se trocar de investimento.

— A poupança é um instrumento tradicional, fácil de entender, segura e isenta, mas ela perde para as alternativas porque estamos vivendo uma taxa de juros que não há em nenhum lugar do mundo. É preciso surfar essa onda — disse Espírito Santo. — Ou o governo faz uma mudança na remuneração da poupança, o que é difícil por causa do impacto nos bancos, ou as famílias vão fazer a troca de aplicação.

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E elas já estão trocando. Nos sete primeiros meses do ano, a captação líquida — diferença entre aportes e saques — da caderneta ficou negativa em R$ 41 bilhões. Foi o pior resultado dos últimos 20 anos. Enquanto isso, os fundos Referenciado DI, o tipo mais conservador do mercado e que acompanha a taxa de juros, registrou captação líquida positiva de R$ 22,7 bilhões entre janeiro e julho. Segundo a Cetip, em julho as novas aplicações em CDBs atingiram R$ 203,2 bilhões, recorde no ano e 16% mais que em junho.

Segundo Virgínia Prestes, professora de Finanças da Faap, desde as mudanças promovidas pelo governo em 2012, a rentabilidade da poupança é estruturada para pagar menos que outras aplicações de renda fixa. Naquela ocasião, determinou- se que, sempre que a Selic estiver igual ou menor a 8,5%, a remuneração da poupança equivalerá a 70% da Selic mais a Taxa Referencial ( TR). Quando o juro sobe além disso, volta a valer a regra antiga, de 0,5% ao mês mais TR.

— Em 2012, a Selic chegou ao menor nível de sua história, de 7,25% ao ano. O governo pretendia mudar o patamar histórico de juros naquela época, deixar a Selic sempre baixa. Esse processo reduziu demais a remuneração da renda fixa, que acompanha os juros básicos, e a poupança, por ser isenta de imposto, tornou- se muito mais atraente. A mudança de regra foi uma medida para proteger a indústria de renda fixa de uma fuga de investimentos rumo à caderneta — explicou.

TESOURO DIRETO

O problema foi que, depois, a inflação persistente levou o Banco Central ( BC) a promover uma escalada de juros que culminou nos 14,25% de hoje. Como resultado, a atratividade das alternativas à poupança disparou, enquanto a caderneta ficou praticamente estacionada.

— É muito difícil encontrar qualquer aplicação que pague menos que a poupança. Antes, ela só oferecia alguma vantagem para quem precisava do dinheiro no curto prazo, pois isso implica alíquotas maiores de IR em outros investimentos. Agora, nem isso. A poupança não paga hoje sequer a inflação — acrescentou Virgínia.

O GLOBO -31-AGOSTO-2015

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